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Expansão Europeia e Trocas Culturais
O século XIV foi sinónimo de uma crise profunda em toda a Europa devido a :
- Fomes,
- Guerras e
- Epidemias.
As constantes alterações climáticas causaram maus anos agrícolas, diminuindo assim a produção de alimentos, nomeadamente cereais. A população europeia ficou assim mais vulnerável às doenças.
Nesta época, espalhou-se pela Europa um surto de Peste Negra. Devido ao enfraquecimento das pessoas causado por uma alimentação pobre, muitas pessoas morreram devido à Peste Negra.
Com a diminuição da produção de cereais, a Europa assistiu a um aumento significativo dos preços e a uma desvalorização da moeda.
Para agravar a situação a Europa estava em guerra: a Guerra dos Cem Anos (que opôs a França e a Inglaterra). Havia também grande número de revoltas nos campos e nas cidades.
Em Portugal a situação era semelhante à dos outros países da Europa, acrescida da crise dinástica (conflito entre Portugal e Castela causado pela questão da sucessão do trono português).
A partir de meados do século XV, a Europa começou a recuperar da crise:
- Aumento da população,
- Recomeço da produção agrícola e
- Reanimação do comércio.
Mesmo assim havia problemas, sendo um deles a falta de metais preciosos. Por isso aumentava o desejo de chegar à origem dos produtos e metais preciosos. Nesta altura, os produtos de luxo do Oriente chegavam à Europa através das Rotas do Levante, rotas estas controladas pelos Muçulmanos. Chegados à Europa os produtos eram distribuídas pelos italianos no restante do continente o que tornava os mesmos mais caros devido ao grande número de intermediários.
Portugal reunia um conjunto de condições favoráveis que permitiam que fosse pioneiro na expansão marítima:
- Condições geográficas: situando-se no extremo ocidental da Europa, perto do norte de África, tinha excelentes porto naturais, uma extensa costa marítima e uma das principais rotas do comércio entre o Mediterrâneo e o norte de África passava pela sua costa.
- Condições políticas: o país entrara num período de paz, o que permitiu estabilizar as estruturas sociais e os quadros dirigentes. Além disso desde o reinado de D. Dinis que os reis portugueses apoiavam a construção naval e as actividades marítimas piscatórias e comerciais.
- Condições técnicas, científicas e tradição marítima: cruzaram-se em Portugal diferentes culturas e povos que foram deixando contribuições em conhecimentos e técnicas de navegação e diversos instrumentos de orientação e navegação astronómica. O investimento da Coroa portuguesa na construção naval proporcionou a descoberta de um barco que permitia navegar contra ventos contrários: caravela. Com uma costa extensa a tradicional actividade piscatória e o comércio a longa distância permitia aos pescadores e aos marinheiros estarem familiarizados com o mar e tinham experiência técnica o que garantia a existência de excelente mão-de-obra humana para integrar as tripulações dos navios.
Os diferentes grupos sociais tinham diferentes objectivos para com a expansão:
- A Burguesia: pretendia ter acesso às origens dos cereais, do ouro africano, das especiarias, do açúcar, das plantas tintureiras e dos escravos. Pretendiam com isso alargar os mercados comercializando novos produtos e aumentando os lucros;
- A Nobreza: interessava-se pela participação em novas acções e conquistas para obter honras, cargos e aumento de rendas e senhorios;
- O Clero: queria difundir a fé cristã através, ou do enfraquecimento dos Muçulmanos, ou da evangelização de outros povos;
- O Povo: pretendia melhorar as suas condições de vida;
- A Coroa: queria aumentar o território e obter prestígio. Simultaneamente permitia-lhe resolver os problemas do país.
Então os portugueses decidiram conquistar a cidade de Ceuta. Mas porquê?
- A sua situação geográfica: situava-se junto ao estreito de Gibraltar entre o mar Mediterrâneo e o Oceano Atlântico. Os portugueses, controlavam assim, a entrada e saída do comércio mediterrânico para o Atlântico e o norte da Europa.
- Ceuta era um importante centro de comércio para onde confluíam as rotas orientais e o ouro do sul do deserto Sara.
- Existência de campos ricos em cereais à sua volta.
- Permitia evitar os ataques dos piratas Muçulmanos aos barcos de pesca algarvios.
- Possibilitava expandir a fé cristã.
Mas esta conquista não deu os resultados esperados. Em termos militares foi um grande êxito e prestígio. Mas em termos económicos foi um fracasso porque:
- Os Muçulmanos desviaram as rotas comercias para outras cidades;
- Os campos de cultivo de cereais eram constantemente atacados e destruídos;
- A cidade obrigava a grandes esforços militares e financeiros.
Os fracos resultados económicos desta expedição colocaram à nação portuguesa duas opções:
- Prosseguir com as conquistas no norte de África: esta hipótese era defendida pela nobreza, que via nestas campanhas uma forma de obter mais títulos e terras.
- Fazer uma viragem para o Atlântico, através da costa africana: o objectivo desta opção era alcançar as zonas produtoras do ouro. Quem apoiava esta hipótese era a burguesia e o restante da população.
Infante D. Henrique toma a iniciativa e coordena as viagens pelo norte de África. A importância do seu papel neste período levou a que os historiadores a darem um nome de henriquino a este período durante o qual foram conquistadas e descobertos os seguintes territórios:
- Os arquipélagos da Madeira e dos Açores ( Madeira:1419-1420; Açores:1427-1452): estes arquipélagos foram divididos em capitanias governadas por capitães donatários, que tinham poderes administrativos, judiciais e militares.
- Dobrou-se o Cabo Bojador (1434 por Gil Eanes).
- Pedra da Galé e Rio do Ouro (1436 por Afonso Baldaia).
- Arguim ( 1443 por Nuno Tristão): para facilitar o comércio da costa ocidental africana, os portugueses estabeleceram uma feitoria na ilha de Arguim.
- Serra Leoa e Cabo Verde (1460).
Após a morte de D. Henrique, o rei D. Afonso V vai retomar as conquistas territoriais no norte de África. Só organizadas então expedições com sucesso a Alcácer Ceguer, a Arzila e a Tânger. Mas as novas cidades conquistadas mantiveram-se isoladas o que impedia o seu aproveitamento económico.
Este novo rumo, fez com que D. Afonso V arrenda-se o comércio da Guiné a Fernão Gomes. Neste período encontraram-se as ilhas de S. Tomé e Príncipe.
Com a subida de D. João II ao trono, apareceu um novo objectivo, chegar à Índia por mar.
Para isso D. João II:
- Enviou navegadores para que eles lhe fossem transmitindo os seus avanços;
- Mandou emissários por terra com o objectivo de recolherem notícias sobre o comércio do oriente e a navegação no Índico;
- Fundou a feitoria de S. Jorge da Mina;
- Decretou como monopólio municipal todo o negócio da costa africana;
- Reuniu o maior número possível de conhecimentos sobre geografia.
Assim:
- Diogo Cão chegou ao rio Zaire, explorou a costa de Angola e estabeleceu contactos amistosos com o reino do Congo.
- Bartolomeu Dias dobrou o Cabo da Boa Esperança em 1487-1488.
A rivalidade entre Portugal e Castela devido às terras descobertas fez com que, em 1479, se assinasse o Tratado de Alcáçovas.
Mas, em 1492 quando Cristóvão Colombo, ao serviço de Espanha, chegou ao continente americano, houve nova discussão sobre quem era o dono das terras descobertas. Assim, assina-se o Tratado de Tordesilhas, em 1494. O tratado constava na divisão do mundo em dois hemisférios, a partir de um meridiano que passava a 370 léguas a ocidente de Cabo Verde.
Mas D. João II acaba por morrer sem concretizar o seu projecto. Então cabe a D. Manuel II a missão de concretizar esse projecto.
Então em 1498, Vasco da Gama descobre o caminho marítimo para a Índia, abrindo assim a Rota do Cabo. O comércio português passa a ter acesso directo aos produtos de luxo do oriente. Com isto fica enfraquecido o papel dos intermediários Muçulmanos e Italianos.
Mas foi em 1500 que se fez a descoberta mais importante, apesar de polémica: o Brasil. Polémica, pois alguns historiadores acreditam que D. João II já sabia da existência desta terra, e que por esses motivo tinha insistido que no Tratado de Tordesilhas incluísse essas zonas.
Estas descobertas permitiram aos portugueses e aos europeus colonizarem novos territórios e em simultâneo difundirem a sua cultura pelas terras descobertas e conquistadas e ao mesmo tempo aculturar muitos aspectos das culturas dos povos dessas terras. A isso se chama interculturidade ou trocas culturais. E é esse tema que vamos aprofundar com a exploração destes temas:
- Religião
- Alimentação
- Vestuário
- Mobiliário
- Linguagem
- Miscigenação dos povos.
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Tópico: Expansão Europeia e Trocas Culturais
Muito bom
Carmo Silva | 01-02-2010
A importância em relembrar a uns e dar a conhecer a outros, de como entrou na nossa cultura e hábitos hoje adquiridos a introdução dos mesmos pelos nossos antepassados que hoje são a nossa História.